29.8.07

Cartas para ninguém - parte I

"São Paulo, 29 de agosto de 2007 - 1h38

Por que lutamos incessantemente, sem saber a hora de parar?

Porque não sabemos aceitar derrotas - em nenhuma instância. Perder é reconhecer o fato de que, em algum ponto de um longo caminho, cometemos um erro grave o suficiente para nos afastar daquilo que considerávamos vitória.

Perder é assumir como verdade um fracasso, seja ele grande ou pequeno. É encarar a realidade de que faltou competência, vontade ou até mesmo sorte. E a culpa sobre tudo sempre será inteiramente de quem perde. Está é a condição que a consciência humana nos impõe e nada pode mudar isso.

E por que seguimos em frente?

Porque é necessário. Se lutamos com paixão, a única que conhecemos é a luta. Não são derrotas que irão nos afastar disso, por mais numerosas e/ou dolorosas que sejam. O medo de perder só se torna maior que o desejo de ganhar quando não se vê o brilho das próprias vitórias - e aceitar isso é a maior derrota de toda uma vida.

Se vale a pena, jamais largaremos o campo de batalha. Porque as conquistas são nossas honras e as memórias das lutas - boas ou ruins - nos fazem crescer. E, desde os sonhos mais pueris, quem é que não quer ser grande e vitorioso?"

22.8.07

Cartas para alguém - parte I

"São Paulo, 22 de agosto de 2007 - 2h15

O que eu posso dizer sobre o amor?

É a mais nobre reunião de clichês já convencionada pelo ser humano. É a fusão de idéias como "eu poderia viver sem você, mas simplesmente não quero", "você me completa" ou "é a sua presença que me faz ser uma pessoa melhor".

Portanto, o que leva alguém a tomar como verdadeiros pensamentos tão simplórios?

O fato de que, apesar de qualquer dificuldade que possa ser encontrada num caminho trilhado a dois, a idéia de estar acompanhado traz conforto. Substitui o monólogo que você pretendia travar consigo mesmo pelo resto da vida por um diálogo constante, composto pelas conversas que você sempre quis ter. Isso ilumina as trevas que o sentimento de estar sozinho provoca - e, se me perguntarem, eu vou afirmar que esta é a tal luz que nunca se apaga. E ela se acende quando você quer, não vai haver um motivo - no máximo, uma sucessão deles.

E é justamente por querer que eu vou me ajoelhar ou falar estas palavras ao pé do seu ouvido - por mais que seja um gesto meramente simbólico. Porque, em algum ponto, algo me fez dizer isto pra você e não querer cobrar nada por isso, apenas sua presença de corpo, alma e coração por todo o tempo que for possível.

Porque, no âmbito das possibilidades, você vai querer as mesmas coisas que eu. Os mesmos clichês. E não nos restará mais nada a não ser caminharmos no mesmo compasso, ainda que seja só até o próximo amanhecer."


É, é bom voltar às coisas de sempre.