3.8.08

O amor dos incompletos - parte II

O amor não vem aos poucos. É firme, forte e totalmente arrebatador. Amor de verdade faz-se incondicional, mesmo em face das maiores tormentas. Sabe ser amizade, compreensão e tranqüilidade, um de cada vez e todos aos mesmo tempo, se necessário. Ataca por todos os lados, cobre todas as bases, domina todos os setores possíveis. Para quem não está preparado, amor pode ser dor, mas é inegável que a nobreza presente em amar vai muito além do sublime.

Estavam ali fazia algum tempo. Um frente ao outro, como sempre faziam, atentos às palavras que diziam. A complexidade do amor fora assunto por diversas vezes, mas nunca debateram o que levava as pupilas do outro a dilatarem-se, acompanhadas do disparo frenético do coração e de uma sensação – ainda que passageira – de totalidade. Não vinha ao caso. Eram tão iguais, tão íntimos e tão próximos que pareciam ver o mundo da mesma forma.

Se existe algo a ser sabido sobre a vida é que algum ponto dela pode ser marcante o suficiente para que todos os seus pensamentos se realinhem. O ponto em que mudar qualquer conceito não é opção, apenas conseqüência. E, de todas as transformações pelas quais ele havia passado até tal momento, ver algo além do olhar e do sorriso dela seria a mais complexa de todas.

Eram dois incompletos, com altos e baixos tão extremos quanto o Sol e Lua. Para ambos, o amor trazia boas e más recordações. Prazeres e dores intensos como suas próprias personalidades. Era o que constituía suas proteções no processo de tentativa e erro em busca da felicidade a dois. As espessas armaduras que carregavam.

Entre os cigarros roubados, os copos de vinho e as longas conversas, ele se viu completamente apaixonado por ela. Como nunca esteve antes, certo de que encontrara alguém para compartilhar seus melhores e piores momentos. A visão fixada exatamente a sua frente era o amor maior que ele sonhara para todos os seus dias.

Ela se deixou levar. Derrubou tudo aquilo que lhe protegia e decidiu abrir o peito mais uma vez. Apostou todas as fichas e se apaixonou também, fazendo com que o que era incompleto nos dois fosse deixado de lado. Assim como ele, ela via além do óbvio, passando direto pelas falhas e imperfeições sem esquecer a existência delas, e permitiu que ele lhe trouxesse toda a preciosidade de um sentimento delicadamente construído para jamais se esgotar.

O amor para a vida inteira requer esforço e trabalho. Exige que ambos dêem as mãos e enfrentem qualquer problema com todas as forças somadas e que aproveitem os bons momentos com toda a intensidade que eles possam ter. Não se trata apenas de carícias e paixão. Envolve pedidos de desculpa, noites em claro e reconciliações. E, acima de qualquer outra coisa, se faz imprescindível reconhecer o valor de cada beijo, cada carinho e cada sorriso. Tudo isso somado dá plena certeza de que escolher viver a dois foi a melhor decisão que poderia ter sido tomada.

Ele e ela se conquistaram para sempre. São abraços e beijos, olhares e sorrisos, luzes que brilham na presença um do outro – completos e perfeitos em tudo o que o amor pode lhes fazer enxergar.

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