5.11.07

Quase

De todas as palavras possíveis ao léxico de um ser humano, o quase é, muito provavelmente, aquela que traz consiga a maior sensação de impotência.

Quase ser não é ser. Quase sempre não é sempre – não traz certeza positiva – e quase nunca não tem nenhum impacto como constante de negação.

Se a sua base é um quase, a sua única certeza deve ser a de um desmoronamento que não deve tardar a vir. Porque é algo claro e muito lógico: o que você conhece de verdade é imutável e, normalmente, inofensivo. Mas o que você pensa saber e não domina ou entende com certeza irá nocauteá-lo na primeira oportunidade.

Quase é não conquistar por completo. É ter uma dúvida que insiste em permanecer e transtornar e faz com que não saibamos o próximo passo simplesmente por que não fazemos a menor idéia de como chegamos até ali.

Definir é limitar. Quase fazê-lo é assumir o risco desnecessário de impor um limite em um território praticamente desconhecido. Se a idéia de quase viver nunca será capaz de se traduzir num conceito pleno de vida, com objetivos a serem alcançados, realizações e satisfações, é sinal de que o quase não pode ser a tônica de uma vida.