31.10.07

Questões pessoais - parte I

Não quero mais entender. Não sei mais como pensar naquilo que me vem à mente todos os dias – como pesadelo recorrente ou sonho sublime, sempre há dúvida quanto a este assunto.

Não há mais definição.

E, refletindo friamente sobre um assunto que não incita nenhum tipo de frieza, é possível perceber que nunca foi necessário definir. Traçar ou impor limites sempre foi medida provisória de medo e/ou insegurança, nada além disso.

Ver o mundo desta forma é a cura para um dilema: entre ser ou não ser, optar pelo primeiro e não questionar traz muito mais conforto do que viver a segunda alternativa na base da procura de respostas que não serão encontradas.

Se eu sei quem sou, isso me dá a condição de saber até que ponto qualquer mudança é possível. E essa linha de pensamento faz com que eu não queira conhecer você o suficiente para saber se há ou não a possibilidade de mudança ou transformação.

Eu posso compreender, conhecer, entender e saber mais, tudo ao mesmo tempo, contanto que seja só um desejo e não uma necessidade.

Hoje, sabemos o que vai ser. Amanhã, talvez. Mas, se eu não souber, é porque eu não preciso saber.

“Paul van Dyk – Tell Me Why

The morning comes
I can understand the reason
And the snow is falling”

16.10.07

Cartas para alguém - parte II

"São Paulo, 16 de outubro de 2007 - 01h19

O adeus é a mais ingrata de todas as certezas.

É o que vai colocar tudo o que você já soube sobre alguma coisa em dúvida. Vai transformar qualquer amanhã numa incógnita que você não conseguir resolver, mesmo que queira muito, porque você deu as costas para a solução.

Dar adeus é aceitar perder tudo aquilo que você sempre quis ter. Ou que você já teve, mas que nunca foi seu de verdade. Ou mesmo que você aceitou que jamais seria seu, mas descartou a possibilidade de realmente descobrir.

É fuga. É medo. É instinto razoável e plausível, mas que não deveria ser. É cada um para o seu canto, escondendo dores e alegrias para que não sejam mais compartilhadas. Aceitação de um ponto final em tudo aquilo que você sempre quis saber.

Você está longe. Estará o mais longe possível, por mais que esteja ao meu lado. Esta é a única certeza que eu tenho. Acabaram-se as condicionais, as discussões, as palavras. Ainda sobram dúvidas que eu devo prometer até o fim dos tempos que não irei questionar.

Ainda sobra muito de você em mim - e a recíproca há de ser verdadeira. Ao menos uma vez.

Foi-se a última dança, o último beijo e o último abraço. E que você saiba todo o seu valor e o quanto foi bom ter você por aqui. Leve isso com você e seja tudo o que você pode ser. São minhas últimas palavras.

Adeus."